O antigo ato de provocar queimadas em determinadas áreas da Floresta Amazônica a fim de viabilizar o solo para a agricultura, incluindo o controle de pragas, renovação de pastagens, colheita da cana de açúcar e mudança de plantio, é uma prática recorrente nos dias de hoje por pequenos e grandes agricultores. Sendo atrativa por ser uma atividade eficiente e de baixo custo, tornando-se assim um dos principais fatores de queimadas de grandes proporções na Amazônia.
O conhecimento da diferença dos conceitos de queimada, focos de calor e incêndio florestal é uma importante informação, para se evitar falsos entendimentos. As temperaturas registradas acima de 47 °C é o que chamamos de focos de calor; já o incêndio florestal é caracterizado pelo descontrole da propagação do fogo, podendo ter origem natural ou antrópica (pontas de cigarro atiradas em beiras de estrada; fogueiras mal apagadas; incêndios criminosos).
Mesmo frente a campanhas, difusão e facilidade de acesso a informações em prol do combate as queimadas, as estatísticas são preocupantes. O registro recorde do número de focos ativos no estado do Amazonas referente ao ano de 2015 foi de 15.170 focos ativos; em comparação ao ano de 2005 que foi de 4.942 (Figura 2). E segundo dados do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais -, houve um crescimento alarmante de aproximadamente 207%. Tal agravo se deve também a seca provocada pelo fenômeno climático El Niño, proporcionando condições favoráveis a incêndios. Agosto e Setembro são os meses do ano, nos quais ocorrem o aumento dos números de queimadas, baixa umidade e temperaturas elevadas são fatores responsáveis por esse fato.
Além dos impactos ambientais, como o empobrecimento do solo e da biodiversidade, existe a preocupação com a diminuição da qualidade do ar, comprometido por gases nocivos procedentes das queimadas. Não é novidade , as doenças consequentes da poluição atmosférica , seja por queimadas ou emissão de gases poluentes por indústrias e veículos automotores , os estudos epidemiológicos evidenciam um aumento consistente de doenças respiratórias e cardiovasculares e da mortalidade geral e específica associadas à exposição a poluentes presentes na atmosfera, principalmente nos grupos mais susceptíveis, que incluem as crianças menores de 5 anos e indivíduos maiores de 65 anos de idade (IGNOTTI et al., 2007).
Para saber mais sobre os efeitos derivados da poluição atmosférica na saúde humana , seguem alguns artigos:
- SILVA, Edelci Nunes da; RIBEIRO, Helena. Impact of urban atmospheric environment on hospital admissions in the elderly. Revista de Saúde Pública, v. 46, n. 4, p.694-701, ago. 2012.
- CARNESECA, Estela Cristina; ACHCAR, Jorge Alberto; MARTINEZ, ZANGIACOMI, Edson. Association between particulate matter air pollution and monthly inhalation and nebulization procedures in Ribeirão Preto, São Paulo State, Brazil. Cadernos de Saúde Pública, v. 28, n. 8, p.1591-1598, ago. 2012.
- HABERMANN, Mateus; GOUVEIA, Nelson. Tráfego veicular e mortalidade por doenças do aparelho circulatório em homens adultos. Revista de Saúde Pública, v. 46, n. 1, p.26-33, fev. 2012.
- RIBEIRO, Helena; ASSUNÇÃO, João Vicente de. Efeitos das queimadas na saúde humana. Estudos Avançados, [s.l.], v. 16, n. 44, p.125-148, abr. 2002
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AMBIENTE BRASIL, Queimadas e Incêndios Florestais. Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/florestal/artigos/queimadas,_incendios_florestais.html >. Acesso em: 30 jan. 2016.
AZEVEDO, Ana Lúcia. Sustentabilidade: Recorde de Queimadas na Amazônia Causa Perda de Biodiversidade. O Globo, Rio de Janeiro, 1 de jan. 2016. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/recorde-de-queimadas-na-amazonia-causa-perda-de-biodiversidade-18583285>. Acesso em: 1 jan. 2016.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Qualidade do Ar. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/qualidade-do-ar>. Acesso em: 1 jan. 2016.
IGNOTTI, Eliane et al. Efeitos das queimadas na Amazônia: método de seleção dos municípios segundo indicadores de saúde. Revista Brasileira de Epidemiologia, Mato Grosso , Ed.ABRASCO,v. 10, n. 4, p.453-464, dez. 2007. Trimestral.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Disponível em: <http://www.inpe.br/queimadas/estatisticas.php>. Acesso em: 30 jan. 2016.
MIRANDA, Evaristo Eduardo de. As Queimadas na Amazônia Brasileira. Disponível em: http://www.evaristodemiranda.com.br/artigos-tecnicos/as-queimadas-na-amazonia-brasileira-2/>. Acesso em: 2 jan. 2016.
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