Fonte: Vistazo.
Hoje celebramos o DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE e nós, do blog SAÚDE & AMBIENTE AMAZÔNICO, gostaríamos de comemorar esta data conversando um pouco sobre micro-organismos.
É comum pensarmos apenas em florestas e oceanos quando falamos em meio ambiente, esquecendo/ignorando que o termo é extremamente amplo e inclui, além de você e eu, o que é imperceptível a olho nu – bactérias, fungos, protozoários, vírus.
O papel dos micro-organismos no ambiente não se resume ao do “vilão”, o causador de doenças. No nosso habitat, o planeta TERRA, existem micro-organismos imprescindíveis para as atividades desenvolvidas no solo e na água, como os decompositores de matéria orgânica.
Existem também espécies de bactérias que contribuem na degradação de substâncias tóxicas que são lançadas com muita frequência nos ecossistemas, como óleos provenientes do petróleo, pesticidas e componentes provenientes de esgoto doméstico. E a técnica de utilizar os micro-organismos na remoção ou recuperação de resíduos tóxicos lançados no ambiente é chamada de BIORREMEDIAÇÃO.
Figura 1 - Esquema simplificado de biorremediação em solo contaminado por petróleo.
Fonte: ANDRADE; AUGUSTO; JARDIM, 2010.
Destacando que as pesquisas realizadas com esses micro-organismos tem se desenvolvido cada vez mais desde a década de 1960, já que há uma necessidade crescente em desenvolver medidas para mitigar ou eliminar os impactos causados pelos conteúdos tóxicos descartados pelos seres humanos.
Para além do que a natureza provê, durante anos de muitas observações e estudos, o homem conseguiu desenvolver técnicas de biotecnologia que lançam mão de micro-organismos! Recentemente, durante o desastre do vazamento de petróleo no Golfo do México, cientistas descobriram que a mancha de óleo proveniente do vazamento estimulava o crescimento de colônias de bactérias degradadoras de petróleo que vivem em altas profundidades do oceano e conseguem viver sem oxigênio. Esta descoberta abriu portas para pesquisas mais avançadas no ramo da biorremediação em casos de grandes desastres antrópicos.
No Japão foi encontrada dentro de uma usina de reciclagem de lixo uma bactéria capaz de degradar resíduos plásticos de garrafas PET. A bactéria, batizada de Ideonella sakaiensis, se alimenta quase que exclusivamente de PET (politereftalato de etileno).
Figura 2 - Esta imagem obtida por microscopia eletrônica de varredura mostra a bactéria I. sakaiensis destruindo material PET à direita e, à esquerda, pode-se ver a matéria decomposta após 60 horas.
Fonte: YOSHIDA et al, 2016.
Também podemos citar a produção de insulina por bactérias. Até metade da década
de 1980, a produção de insulina para o tratamento de pacientes com Diabetes
Mellitus era feita pela extração direta do pâncreas de porcos. No entanto, a diferença molecular da insulina do porco para humana era responsável por altas taxas de rejeição. Com o advento da técnica
do DNA recombinante e o isolamento do gene responsável pela síntese da insulina,
foi possível desenvolver em laboratório a introdução do gene pró-insulina na
bactéria Escherichia coli que a partir disso sintetizaria o hormônio. Esta técnica
permitiu diminuição de custos, tempo, bem como diminuição da rejeição.
Figura 3 - A diferença molecular entre a insulina do porco (direita) e a humana (esquerda) está no fim da cadeia de aminoácidos -- alanina na insulina porcina, ao passo que na humano encontramos uma treonina.
Fonte: Protein Databank 101.
Os exemplos citados trazem à tona o outro lado sobre as
bactérias, mostrando que podem representar muito mais do que apenas
patogenias aos seres vivos. Desde os primórdios desempenham um
papel fundamental na regulação da vida terrestre, pela simbiose nos humanos
e a ciclagem de nutrientes no ecossistema. O importante é sempre estarmos
atentos e dispostos a observar e aprender.
VIVA O NOSSO PLANETA!!!
REFERÊNCIAS:
ANDRADE, J. de A.; AUGUSTO, F.; JARDIM, I. C. S. F. Biorremediação de solos contaminados por petróleo e seus derivados. Eclética Química, nº. 3, v. 35, p. 17-43, set 2010.
OLIVEIRA, R. M.; ALVES, Fabiana. Diversidade microbiana utilizada na biorremediação de solos contaminados por petróleo e derivados, N. 1 (2013).
YOSHIDA, S. et al. A bacterium that degrades and assimilates poly(ethylene terephthalate). Science, nº. 6278, v. 351, p. 1196-99, mar 2016.
LIMA, B. D. de. A produção de insulina humana por engenharia genética. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, nº. 23, p. 28-31, nov., 2001.
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