A água doce é um recurso limitado e com diversas funções, e consequentemente, com diferentes tipos de usos. Segundo a Agência a Nacional de Águas (ANA) sua utilização pode ser dividida em consuntiva – que retira água do manancial para sua destinação –, e não consuntiva – que não envolve consumo direto da água. Os usos consuntivos compreendem o abastecimento humano, a atividade industrial e de irrigação; e os não consuntivos abrangem a navegação, lazer, pesca e produção de energia em hidrelétricas.
A maneira como os recursos hídricos são utilizados e a degradação desses vêm provocando uma crise de grandes proporções em muitos países, especialmente nos grandes centros urbanos (GOMES; BARBIERI, 2004). Para tanto, o Brasil dispõe de uma Política Nacional de Recursos Hídricos instituída pela Lei nº 9.433, de 8 de Janeiro de 1997, a qual tem como um de seus objetivos, assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos.
A água além de estar em quantidade abundante no planeta Terra, ocupando cerca de três quartos da superfície do globo, representa cerca de 60% do constituinte do peso corporal humano. Dessa forma, a sobrevivência dos seres vivos é dependente da água, a qual deve ser, no mínimo, potável para o consumo. Para isso, ela não deve conter microrganismos patogênicos e deve estar livre de bactérias indicadoras de contaminação fecal (FUNASA, 2013).
O governo brasileiro estabeleceu a Portaria Nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde, a respeito da qualidade da água. Essa define parâmetros de potabilidade da água e as propriedades inerentes à mesma, como ser sem gosto, sem cheiro e incolor (BRASIL MS, 2011). Além disso, existem outros critérios químicos e biológicos que só podem ser analisados em laboratórios especializados.
Um dos indicadores biológicos de qualidade da água são as bactérias chamadas de “coliformes totais”. Este grupo é composto pelas bactérias dos gêneros Citrobacter sp., Klebsiella sp., Enterobacter sp. e a espécie Escherichia coli. Destaca-se que a Escherichia coli é considerada o mais importante indicador de qualidade sanitária da água e de alimentos, e sua presença indica a contaminação por dejetos (MATOS et. al, 2013).
Pensando nisso, foi realizada a análise microbiológica da água de 15 bebedouros de uma instituição de ensino superior. O objetivo da pesquisa foi obter informações sobre a qualidade da água desses bebedouros, aplicando um exame simples e rápido pelo método do Substrato Enzimático Definido – Cromogênico visando a verificação de contaminação. Para isso, foram pesquisados os coliformes totais que são encontrados tanto na microbiota intestinal de homens e animais quanto no ambiente, e a E. coli, a qual encontra-se dentro desse grupo, contudo é exclusiva da microbiota intestinal (FUNASA, 2013).
Como resultados, em nenhuma das análises realizadas foram encontradas as bactérias citadas acima, logo, a água dos bebedouros dessa instituição está satisfatória para consumo. Apesar disso, duas amostras de água apresentaram turbidez, o que sugere presença de bactérias heterotróficas, as quais estão associadas com as condições de higiene dos filtros. Esses resultados diferem de outros trabalhos com o mesmo foco nos quais foram encontrados coliformes totais e E. coli (BRITO et. al, 2017; KOGA et. al, 2018).
Alguns fatores podem ter contribuído para a divergência nos resultados encontrados, como a diferença na quantidade de bebedouros analisados, o sigilo na identificação dos mesmos e o fato de os estudos apresentarem períodos de realização diferentes, sugerindo que medidas de higiene individuais e coletivas foram adotadas.
Dito isto, é importante ter cuidados ao utilizar bebedouros públicos para mantê-los íntegros e sua água ser de boa qualidade. Certas medidas de higiene, zelo e manutenção dos bebedouros devem ser praticadas pelo responsável de cada local e pelos indivíduos que os utilizam.
O vídeo abaixo ilustra sobre a importância e os usos da água, seu tratamento e distribuição, assim como os bons modos que se deve ter ao usar os bebedouros.
REFERÊNCIAS
GOMES, Jésus de Lisboa; BARBIERI, José Carlos. Gerenciamento de recursos hídricos no Brasil e no estado de São Paulo: um novo modelo de política pública. FGV EBAPE, São Paulo, Vol. 2, n. 3, dez. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-39512004000300002> Acesso em: 19 de novembro de 2018.
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Manual prático de análise de água. 4ª ed. Brasília: Funasa, 2013; p. 18-20.
BRASIL. Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 dez. 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html> Acesso em 13 de outubro de 2018.
MATOS M.A.J., CARDOSO N.L.C., SILVA A.M.S., SILVA, D.C. Análise da qualidade microbiológica de águas de córregos utilizadas na irrigação de hortaliças. In: CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO, 10, 2013, Goiânia. Anais eletrônicos do X Congresso de Pesquisa, ensino e extensão. Goiânia: UFG, 2013. Disponível em <http://eventos.ufg.br/SIEC/portalproec/sites/site7201/site/artigos/10_seminario-pesquisa/seminario-pesquisa_miolo_03.pdf> Acesso em: 20 de outubro de 2018.
KOGA J.A.G., PEREIRA S.F.P., OLIVEIRA A.F.S., SILVA T.M., ROCHA R.M., CRUZ E.S., COSTA H.C., DIELLE Y.A. Análise físico-química e microbiológica da água dos bebedouros da UFPA – Campus Belém. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA, 58, 2018, São Luís. Anais eletrônicos do 58 Congresso Brasileiro de Química. São Luís: FAUGRS, 2018. Disponível em: <https://www.abq.org.br/cbq/trabalhos_aceitos_detalhes,1667.html> Acesso em: 6 de outubro de 2018.
BRITO F.S.L., SILVA F.S., CAVALCANTE J.C., BRAGA R.L., ROSÁRIO K.K.L., DUARTE J.M. Características físicas, químicas e microbiológicas da água utilizada para consumo em prédios públicos. SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 22, 2017, Florianópolis. Anais eletrônicos do XXII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. Florianópolis: ABRHidro, 2017. Disponível em: < http://anais.abrh.org.br/works/2625> Acesso em: 6 de outubro de 2018.
Muito interessante esse vídeo.
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